O tempo circular⠀
Se antes o tempo já era circular, as ancestrais e entidades femininas já apareciam em nossas vozes e manifestações artísticas para trazer sinais além-do-presente-isolado, integrando-nos à existência maior, espiralada, necessariamente; agora, mais ainda, pois sempre pensei que a proximidade fosse capaz de dilatar o tempo. A proximidade dos espaços, dos objetos que se permitem observar, os sentidos ritmados nos hábitos rituais, aquelas pessoas que transitam e seus passos já tão conhecidos em isolamento. E aquilo que era longe, antes, agora: cruzar um olhar por detrás da máscara com alguém que já também observa mais detalhes, que, quanto mais distante fica, mais nos impulsiona a buscá-lo. Assim chega também uma epifania, ou as ondas da gravidade que espiralam nossas experiências, de maneira que a história estica-se como uma malha, da mesma forma que nossos dnas pela matéria sagrada da natureza. Os sonhos todas as noites revelam sinais dos dias, e a compreensão de tantas desencarnações e nascimentos espalhados e unindo as pontas dos ciclos. Choramos ao despertar. A vida pode durar para sempre, mas quanta destruição é possível num só dia da história do mundo? O que está acontecendo com os giros do tempo, que parece rodopiar mais veloz, como se quisesse nos expulsar pela tangente do planeta rotacionando? Usei o vestido de minha mãe no inverno deste ano. Ela me ligava com medo de que eu saísse na rua, talvez como o teria feito minha avó quando ela veio sozinha para Brasília. Estou indo para além mar, dentro de casa, remando em direção às profundezas, enfrentando os tornados de todas nós.⠀
Se antes o tempo já era circular, as ancestrais e entidades femininas já apareciam em nossas vozes e manifestações artísticas para trazer sinais além-do-presente-isolado, integrando-nos à existência maior, espiralada, necessariamente; agora, mais ainda, pois sempre pensei que a proximidade fosse capaz de dilatar o tempo. A proximidade dos espaços, dos objetos que se permitem observar, os sentidos ritmados nos hábitos rituais, aquelas pessoas que transitam e seus passos já tão conhecidos em isolamento. E aquilo que era longe, antes, agora: cruzar um olhar por detrás da máscara com alguém que já também observa mais detalhes, que, quanto mais distante fica, mais nos impulsiona a buscá-lo. Assim chega também uma epifania, ou as ondas da gravidade que espiralam nossas experiências, de maneira que a história estica-se como uma malha, da mesma forma que nossos dnas pela matéria sagrada da natureza. Os sonhos todas as noites revelam sinais dos dias, e a compreensão de tantas desencarnações e nascimentos espalhados e unindo as pontas dos ciclos. Choramos ao despertar. A vida pode durar para sempre, mas quanta destruição é possível num só dia da história do mundo? O que está acontecendo com os giros do tempo, que parece rodopiar mais veloz, como se quisesse nos expulsar pela tangente do planeta rotacionando? Usei o vestido de minha mãe no inverno deste ano. Ela me ligava com medo de que eu saísse na rua, talvez como o teria feito minha avó quando ela veio sozinha para Brasília. Estou indo para além mar, dentro de casa, remando em direção às profundezas, enfrentando os tornados de todas nós.⠀
